Afinando a música na igreja - Três princípios básicos para o louvor bíblico

“Cristo é a nossa vida, O motivo do louvor, Em nosso novo coração
Pois morreu a nossa morte, pra vivermos a sua vida, Nos trouxe grande salvação”
O motivo do louvor, Ademar de Campos 

A afinação correta é submissão a Cristo

O que é louvor? O que é adoração? A música é louvor? Qual o motivo do louvor? Quem pode tocar ou cantar na igreja? A resposta a estas questões objetivas é fundamental para afinar a música da igreja no objetivo de se alcançar um louvor, por meio de canções, que possa ser considerado bíblico.

Resposta aparentemente simples, num primeiro momento, mas que revela, numa observação mais criteriosa, a necessidade de olhar com cuidado e zelo para este serviço nas congregações cristãs, de forma a alcançar um louvor bíblico.

Os inúmeros exemplos negativos neste quesito presenciados em todo o país ampliam a necessidade de expor uma reflexão sobre este serviço nas igrejas. Por isso, é importante entender alguns conceitos e apreender outros princípios. 

Louvor a Deus se manifesta no dia a dia e não apenas na igreja

Louvar não é sinônimo de cantar

Palco não pode ser o objetivo do verdadeiro adorador

Um conceito básico que precisa ser apreendido é que louvar e adorar não são sinônimos de cantar. Como muito bem explicou o pastor Renato Vargens: “Entretanto, adorar a Deus não se limita apenas a cantar hinos ou cânticos espirituais. Adorar ao Senhor é muito mais do que isso! Na verdade, afirmo sem a menor sombra de dúvidas que louvar a Deus envolve um estilo de vida onde o Senhor é glorificado não somente por aquilo que cantamos, mas também por atos, atitudes e comportamentos”.

E como a música se enquadra nisso? A música também não pode ser vista como sinônimo de louvor. Música é apenas um dos veículos disponíveis para a expressão do louvor. No culto da maioria das igrejas brasileiras é reservado um momento especial para o louvor coletivo com canções cristãs, geralmente no início da reunião. Nesta breve explanação, expressarei alguns princípios básicos para tirar o foco do homem entendendo a quem serve o momento de adoração através de canções na igreja.

Conexão com o propósito do culto

O ministério de música na igreja precisa ser um serviço conectado com o propósito do culto ao Senhor. Este serviço precisa ser harmonizado e integrado à mensagem, servindo como ponte para a razão maior do culto que é a pregação da Palavra. Para isso, os músicos e cantores precisam entender o fundamento e o objetivo do seu serviço.

Dentro deste princípio de que o louvor e a adoração a Deus não se limitam à entoação de cânticos espirituais, é necessário o entendimento de que o músico ou o regente de louvor não podem louvar ao Senhor somente tocando seus instrumentos ou cantando. O louvor expresso no domingo começa na segunda-feira, ao acordar, e se prolonga durante toda a semana. No domingo, ele vai apenas ecoar e refletir a adoração diária e semanal.

Este princípio é o que pretendo desenvolver nesta postagem apresentando três essenciais para um louvor bíblico.

1º Princípio: É preciso agradar a Deus para um genuíno louvor bíblico

 “Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus”, Rm 12:01 (NTLH).

O músico serve no ministério de música por obra da graça de Deus. Pela benevolência de um Pai misericordioso que nos olha com carinho e nos dá um valor que nós não temos, a partir do preço pago por Jesus na cruz. É pela fé que conseguimos apresentar nossos sacrifícios de louvor ao Senhor, mesmo ainda sendo pecadores.

Entregar a vida é fazer Jesus seu Senhor

A verdadeira adoração referida neste versículo é a entrega voluntária da nossa vida a Deus, com dedicação no seu serviço, buscando em primeiro lugar agradá-lo com o nosso modo de vida. Isso é uma realidade em qualquer ministério na igreja, seja na música, limpeza, administração ou docência. 

Em João 4:23, Jesus explicita que busca verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Porque ele é santo, nós devemos buscar a santificação, através da palavra. Mais importante de tudo na adoração é termos nossa vida em santidade como um sacrifício vivo, agradável a Deus. A oferta maior é a nossa vida porque servimos a um Deus santo.

Prática: 

  • Além de aprender músicas, ensaiar para fazer o melhor na reprodução de uma canção, é preciso estar em conexão com Deus através da leitura da palavra, meditação, oração e a prática do viver em Cristo.   

2º Princípio: Caráter acima de talento para alcançar um louvor bíblico

“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”. Rm 12:02 (NTLH)

Nosso padrão é diferente. Em 1 Pedro 2:11, o apóstolo nos alerta que somos estrangeiros e peregrinos neste mundo. Segundo o dicionário, peregrino é aquele viajante andante que empreende longas jornadas e não se detém nos locais de passagem. No entendimento do contexto podemos perceber que, em relação ao trabalho com música, não devemos agir como a maioria dos músicos. Deus não vê a aparência e nem a técnica. Ele conhece os corações e as reais motivações de tudo o que é empreendido pelo homem.


Verdadeiro servo não se orgulha e nem murmura

No padrão comum, natural, geralmente se tem o entendimento, algumas vezes preconceituoso, de que a maioria dos músicos e das musicistas se sentem “especiais” (para não dizer orgulhosos) pelo dom de tocar um instrumento ou de cantar. Mas como o homem tende a repetir atitudes de outros a partir daquilo que se convencionou chamar de comportamento de manada muitos músicos acabam realmente adotando essa postura orgulhosa diante da “sua” capacidade técnica de manusear um instrumento.

Na igreja, pelos menos nas igrejas que estabelecem um critério bíblico para o serviço dos irmãos, a atividade no ministério de música é realizada a partir da permissão do Espírito. O dom e a capacidade técnica para tocar ou cantar são apenas portas para a possibilidade de um dia desenvolver esse serviço nas congregações, no palco. A permissão do Espírito vem pelos frutos do caráter de Cristo na vida dos músicos. Para isso, é necessária uma mudança completa nas mentes deles, através da palavra. Para que a vida do músico reflita essa completa mudança na mentalidade, vivendo o que anuncia através das canções entoadas no culto.

Prática: 


  • É preciso que o músico tenha um bom testemunho diante da coletividade. Por mais que a ação do Espírito ocorra no interior das pessoas, a evidência de sua operação é visível na prática de vida de todo aquele alcançado pelo seu poder. Somente vivendo o que prega o adorador pode realmente adorar em espírito e em verdade. 



3º Princípio: Somos pecadores restaurados pela graça para operar um louvor bíblico

“Por causa da bondade de Deus para comigo, me chamando para ser apóstolo, eu digo a todos vocês que não se achem melhores do que realmente são. Pelo contrário, pensem com humildade a respeito de vocês mesmos, e cada um julgue a si mesmo conforme a fé que Deus lhe deu”. Rm 12:03 (NTLH)

Deus nos libertou por obra da graça

Precisamos reconhecer com humildade que, diante de Deus, nós somos piores do que pensamos. Que nossas mais elaboradas elucubrações sobre nós mesmos e nossas qualidades caem por terra quando nos defrontamos com versículos como Isaías 64:6 que nos coloca no nosso devido lugar, com nossos atos de justiça comparados com o excremento da menstruação. Ou Romanos 3:12 que enfatiza que não há nenhum justo diante de Deus e que veneno de serpente está nos nossos lábios que se apressam em expressar maldição e amargura.

Servimos pela bondade de Deus conosco que nos olha pelo filtro de Cristo em nós. Ele nos honrou com a possibilidade de servi-lo sem o nosso merecimento. Todos os nossos dons e capacidades foram dados por Deus para o fim e o propósito por ele mesmo determinado.

 

Diante de Deus, nossa principal qualidade é a capacidade de obedecer.

Prática:

  • Precisamos ser servos obedientes, submissos às autoridades no nosso ministério e humildes em relação às nossas qualidades. 



Resumindo: É preciso intimidade com Deus

Intimidade vem de obedecer a voz de Deus através da sua palavra

O serviço no ministério de música na igreja exige uma série de pré-requisitos que vão muito além da simples capacidade de tocar um instrumento ou cantar uma canção. Esse serviço requer uma intimidade com Deus.

A comunhão com o Senhor antecede toda e qualquer atividade no ministério e é quem, no final das contas, confirma que tudo é dom Deus. Essa compreensão leva o músico a ser humilde e obediente reconhecendo que Deus é a base e o fundamento de tudo e que ele é apenas mais um instrumento de carne, alma e espírito.

Na prática do desenvolvimento de sua atividade, o músico ou a musicista procuram se esconder atrás dos louvores, sem buscar chamar a atenção para si, sendo comedidos no uso de técnicas para que elas não extrapolem o propósito do serviço. O objetivo é passar a mensagem através de um sermão tocado e cantado que antecede e que está intimamente conectado à mensagem principal proferida pelo pastor.

Com o reconhecimento da bênção de Deus sobre a sua, ao músico cabe expressar uma natural alegria pelo entendimento da dimensão da obra redentora de Jesus e de ser mais um instrumento para espalhar essa verdade aos ouvintes através daquilo que o Senhor o capacitou pelo seu chamado.


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