Por uma reforma na música cristã



Tenho enfatizado aqui neste espaço a questão da idolatria que tanto distorce o evangelho nesses nossos tempos. Dias em que os chamados evangélicos insistem em deixar o mundanismo tomar conta de muitas áreas em suas vidas. Esse enfoque à idolatria não é gratuito. Reflexo talvez do esvaziamento das escolas bíblicas dominicais e a prevalência de um evangelho com foco no homem e nas chamadas bênçãos materiais.

A chamada música gospel é talvez o produto de consumo evangélico que melhor reflita essa distorção com viés idólatra. Letras apelativas, com erros doutrinários gritantes, foco em vitórias, conquistas e autoajuda "mela cueca". Tudo isso coloca o músico cristão como uma das partes do corpo de Cristo mais vulneráveis aos ataques desse mundanismo. Muita gente sonhando em alcançar a fama como "artista" gospel. Aproveitando o oba-oba em torno do evangelho do entretenimento, comum em muitas denominações.

Para fugir disso, bom é ouvir o conselho de pessoas espirituais, com larga experiência nesse tema. O pastor e músico Daniel Souza tem lastro na música cristã e atualmente é um dos melhores exemplos para o grande número de jovens que sentem no coração possuir o dom para o ministério da música. Com oito CDs gravados, compositor de temas conhecidos no meio cristão, como a canção Corpo e Família, Daniel mantém a simplicidade de encarar a música como um ministério (para servir dentro de um contexto evangelístico ou de edificação).

Nesse dois vídeos que capturei do YouTube, Daniel traz lições preciosas para músicos que talvez não estejam percebendo o real foco das canções cristãs, vide o exemplo de Thalles Roberto, Diante do Trono, Trazendo a Arca, André Valadão e outros. Lições como a do anjo caído, Satanás, um adorador perdido em sua própria vaidade e talento. "Muito cuidado com você mesmo!!!", alerta Daniel, no vídeo. De fato, a percepção de que nós somos os nossos maiores inimigos precisa ser presente em todos os cristãos.

Outra lição interessante que extraí da fala do Daniel foi a ênfase na necessidade de o músico ou adorador estar debaixo de uma autoridade espiritual, congregando e participando de pequenos grupos e dentro de um constante processo de aprendizagem no Evangelho. O que mais se vê hoje é músico ungido a pastor, sem nenhum compromisso com suas ovelhas, que não congrega e pensa que os shows podem substituir os cultos. Cobrando altos cachês até para tocar em igreja. Músico de igreja recebendo salário e outras aberrações. Sem estudar a palavra e exercitar esse amor na convivência com outros irmãos na igreja. Muitas vezes fugindo até mesmo da pregação durante os cultos.



Que essas lições possam ser absorvidas pelos músicos que se intitulam cristãos. Que a vaidade possa ser deixada de lado e os músicos percebam que não devemos nos amoldar aos padrões deste mundo, mas sermos transformados pela renovação de nossa mente para experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. O primeiro vídeo foi gravado aqui em Manaus e tem 51 minutos, dentro do seminário Adoradores em Extinção. O segundo tem apenas 8 minutos e é trecho de uma palestra semelhante, com a mesma temática apresentada em Manaus. Esse vídeo foi postado pelo próprio Daniel com o título "Artista ou Adorador?".